Faz algum tempo que tenho uma dificuldade terrível de me reconhecer nas fotos e, principalmente, de aceitar as mudanças que o tempo provocaram em minha pele. Parece que foto nenhuma fica boa e recorro aos filtros. Quando jovem a gente tem uma insatisfação tão grande com o corpo. Me achava tão fora do padrão, cheia de defeitos e pouco digna de atenção. Coisa estranha! Eu era foda e nem me dava conta disso. Tinha uma facilidade imensa de fazer novos amigos, era comunicativa, mas cheia de inseguranças. Teve muitas bobagens, claro. Mas, pensando bem, havia uma potência subestimada.
O fato é que, depois dos quarenta, a gente passa a entender que o problema nunca foi e nem é o corpo. Me sinto bem com as mudanças e com todas as cicatrizes que a vida me deu. Mas, corresponder a um ideal de beleza construído socialmente é uma tarefa cruel incumbidas as mulheres.
Já não tenho mais o rostinho cheio de colágeno, no entanto, a consciência crítica das coisas, a capacidade de se opor a esses padrões ou somente ignora-los sem que isso seja doloroso é uma habilidade que a vida madura traz. É claro que isso não é uma regra. Não fosse assim, não teríamos mulheres escravas de toda "sorte" de procedimentos estéticos. A coisa boa disso tudo é que aquela jovem de espírito aventureiro, destemido, criativo, cheias de sonhos e otimismo continua na ativa.
O mundo está povoado de adultos ressentidos, moralistas, amargurados, precisando urgentemente fazer as pazes com os jovens que foram. Imagina resgatar a parte que foi esquecida, a melhor parte. Tudo bem que o colágeno acabou, mas restaram tantas outras coisas de você. Bora aproveitar! Encontre-se com ele e dê um abraço bem forte. Um brinde ao jovem que habita em você.
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